quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Amado anjo

Eu queria acreditar que és humano.
Eu queria acreditar que estás ao alcance dos meus braços
e que o meu abraço não seria mais um
entre tantos que te esperam.

Eu queria que não tivesses asas
e que não fosses assim, um anjo.
Eu queria que os teus olhos olhassem para mim
sem que eu trepidasse
e sem que minha covardia me impedisse de tocar-te...
Eu queria poder beijar-te e dizer tudo que tenho por dizer.

Eu queria ter em mim algo que servisse em barganha
e que minha fé fosse tamanha ao ponto de te ter,
pois eu queria simplesmente ter-te
e entregaria a minha arte para poder amar-te
sem nunca te perder...
Eu queria acreditar que és humano.

"Uilton David"

Entre meninos



Eu era um menino e ele era um menino
e tudo que tínhamos era apenas um sentir,
um algo maior... Algo maior que nós dois.

E as estrelas não apareciam no céu
e a lua não vinha nunca. Não sem ele.
Não sem o menino que habitava os meus sonhos.

Eu o olhava e ele me olhava
e nossos olhos não viam nada
e não havia nada além daquilo que era só nosso...

Porque não tinha que haver nada.
Eu era um menino e ele era um menino
e o que havia entre nós jamais seria de fato verdade...

Éramos apenas meninos...

"Uilton David"

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Solidão em autorretrato


Solidão é como ter a madrugada por companhia.
- Whisky e cigarros ao pé da escada.
É ter mãos atadas sem que hajam nós,
tendo por trilha um prelúdio triste que não lhe diz nada.

Solidão é como vagar sozinho e consigo mesmo;
é como seguir adiante para lugar nenhum;
é caminhar por dias e ao fim da jornada
ver que os passos deixados são de apenas um.

É como se o tempo só te fragmentasse;
é como trocar as peças e não funcionar;
é como se o peito somente sangrasse...
É como alcançar todo o resto e não se encontrar.

Solidão é como viver a vida pelo lado de fora;
é dizer-se contente mesmo não sendo verdade;
é escrever somente em um lado da página...
É manter-se de pé por formalidade.

"Uilton David"