sexta-feira, 26 de julho de 2013

O que queima em mim



O brilho em meus olhos está muito além do que se possa entender.
É antigo demais, é milenar.
Vem através dos séculos; ascendente, quente...
Um queimar em meu peito, fazendo meu sangue e todo o resto pulsar.
Como uma ave que vive em mim;
chama que arde e me completa... indomável, liberta;
sem grades e sem correntes...
E não há nada em ti que a possa aprisionar.
Fogo que às vezes parece desaparecer, se apagar, extinguir...
deixando apenas cinzas e um rastro de morte...
Daí então, quando quase parando meu coração,
das cinzas renasce a ave em chamas e o fogo volta a ressurgir.

"Uilton David Santos"

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Apenas um rascunho qualquer



Por onde eu andei todo esse tempo?
Que caminhos são esses que eu já não conheço mais?
Que corpo é esse que já não sinto mais tão meu?
Isso é tudo o que sobrou depois da guerra;
isso é o que restou depois que o furacão passou.

Talvez se eu fosse mesmo assim tão seco,
talvez se eu fosse mesmo assim tão lobo quanto dizem meus olhos...
talvez eu não chorasse tanto e talvez não estivesse perdido agora.
Mas o meu olhar de lobo e minhas presas
por vezes expostas, só querem guardar algo que não se revela,
algo nas entrelinhas...

Todos temos um coração machucado,
uma história pra contar ao balconista do bar
num espaço fétido e cheio de almas perdidas...
E talvez sejamos só mais uma delas... Mais uma das almas perdidas;
náufragos, à deriva,
à espera de que um dia... algum dia alguém nos encontre.

E se tu ainda não tens um coração partido, fragmentado,
deixado por alguém que simplesmente disse:
Toma de volta, eu não o quero mais! Não me serve mais!
Sempre haverá o amanhã...


"Uilton David Santos"