quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Milagres do tempo


Tempo...
Quatro estações descoordenadas,
folhas secas na calçada
e lá fora, um céu escuro onde deveria haver sol.
Brincadeiras do tempo,
de um tempo que passou;
o tempo que eu tive...
o tempo que restou
e nada mais há além do pouco que ficou.
Imagens desbotadas,
páginas e páginas queimadas...
esculturas que o tempo enterrou.
Anjos de vidro de asas quebradas,
flores mortas,
histórias contadas...
estrelas caídas por todo o quintal.
Tempo...
o tempo que eu ainda tenho
e pode até ser que amanhã esteja nublado
e que a chuva lave os meus pecados,
levando embora os fantasmas que ainda não partiram.
Quem sabe então,
numa página nova,
eu escreva uma história diferente
e jogue fora os móveis antigos
pra viver um outro tempo...
o tempo que ainda resta,
o tempo do agora;
simplesmente esquecer os ponteiros
e perder a hora...
e não perder mais tempo
vivendo sombras de coisas que um dia existiram.

"Uilton David Santos"