Desde o Éden o homem tem procurado
vencer o tempo, tentando apressá-lo, no caso das esperas; encurtá-lo, diante do
sofrimento; estendê-lo na felicidade ou até mesmo esquecê-lo, segundo a vaidade
humana. No entanto, desde o Éden o homem tem perdido a batalha.
Pode-se dizer que o tempo é uma das
poucas verdades universais que conhecemos, aliás, ele é o que condiciona -
senão todas - a maioria delas, tais como dia, noite, nascer, envelhecer e até
mesmo a morte.
As pessoas costumam acreditar que podem regular
o tempo pelo simples fato de saber das horas e, acreditam também que nessa
interpretação errônea de regular o tempo, regularão também a vida.
Há quem diga que o tempo é inimigo
implacável, pois impõe ao homem seus limites, o seu correr de pressa, sua
passagem rápida do ponto de vista daqueles que consideram o tempo como “Aquele
que não espera”. Mas há também os que o veem como o grande remediador das
feridas da alma e consolador dos corações marcados. Pode-se dizer que desde o
Éden, o tempo também tem nos aliviado. - Notamos ainda que quando nos referimos
ao tempo desde o Éden, percebemos que o homem e não o tempo é que é transitório.
Somos se comparados com a grandiosidade das obras do tempo, o que realmente há
de efêmero na história humana.
Olhemos então para o tempo não como mero
amontoado de números do calendário, ou como horas, minutos e segundos
cronometrados. Olhemos tudo em volta e o vejamos não como apenas o guia da
cronologia da existência, mas também, como o grande roteirista da vida.
"Uilton David Santos"