domingo, 27 de março de 2011

Vidas que se cruzam


As mesmas histórias,
várias vezes contadas
por vozes diferentes,
no entanto, cansadas
de tanto contar
e cantar o que tem passado.
As mesmas lágrimas,
várias vezes choradas
pelos mesmos olhos
e agora cessadas
por um prelúdio de felicidade,
que tão logo será saudade,
pois terá ido embora
tão rápido quanto tenha chegado;
como vidas que se cruzam,
ou que outrora tenham se cruzado...
E que se encontram...
E que se perdem,
em tantas vidas já passadas;
em histórias diferentes
e desde então, predestinadas.

"Uilton David"

Cidade das sombras


Nesta cidade onde tudo é nefasto,
entre as ruínas te busco incessante
e todas as sombras de ti eu afasto;
te entrego meu sangue vermelho vibrante.

Porque as rosas murcham e morrem,
mas minha vontade não há de murchar.
Ofereço a ti mil flores novas;
te amo, te caço e hei de encontrar;

nos pulsos que tenho como passagem,
nos cortes profundos que levam a ti;
te encontro amor no fim da viagem,
pois pra te alcançar é preciso partir.

"Uilton David"

segunda-feira, 14 de março de 2011

Um tempo pra mim


Meus pés,
hoje cansados
de tanto caminhar
e sangrar
pedem descanso,
pedem um tempo;
um momento
pra ficar assim
sem pensar,
sem ter que andar,
sem nada dizer
e nunca entender
o porquê de parar.
E não decidir
e não ter que escolher
e ter dúvida sim,
entre o ser ou não ser...
E simplesmente
ficar mais perto
e não me perder
em outro lugar
longe daqui,
onde eu não possa voltar,
se acaso eu partir.

"Uilton David"

quarta-feira, 2 de março de 2011

Em caminhos tortos


E todos esperamos um belo dia,
uma segunda chance...
quem sabe apenas o momento exato
para se voltar pra casa.
Perdemo-nos por caminhos tortos,
desviamo-nos por um outro lado,
quando só queria-se então
chegar mais perto daquilo que é certo
e afastar-se do lugar errado.
Numa existência efêmera,
de uma forma triste,
tudo em si consiste em pequenas horas;
um olhar distante, levando por instantes
o que nos trouxe outrora...
e que outrora fomos
e que já não somos,
pois enfim mudamos... transformamo-nos
em metamorfoses de uma tal quimera,
o que em outros tempos era
simplesmente nós...
Nós... diferentes e de certa forma iguais;
todos perdidos e pobres mortais,
almejando um dia, quem sabe apenas,
um lugar de paz...
um lugar ao sol, o sétimo céu...
os braços de um anjo
e nada nefasto para além do véu.
E quem sabe o belo dia que esperamos
chegue mais depressa
e que nenhuma promessa
seja assim em vão.
Quem sabe...
tudo se cumpra como num sonho;
e quem sabe...
os passos deixados sejam então notados
como deveras fomos,
sem maquiagem, nem deformação,
apenas o que são as cicatrizes
dessa então viagem;
de uma passagem curta
em um mundo louco;
nem assim de mais, nem assim tão pouco...
simplesmente nós...
perdidos... á espera de quem sabe um dia
só voltar pra casa.

"Uilton David"